"Ao princípio, a maior parte das pessoas tem alguma dificuldade em compreender os quatro quadrantes, mas depois vê que são fáceis de usar. Digamos que, os quatro quadrantes apontam para o facto de podermos olhar qualquer coisa de quatro maneiras diferentes: podemos olhar algo a partir do seu interior ou a partir do seu exterior, a partir do singular ou do plural. Por exemplo, a minha própria consciência neste momento. Eu posso olhá-la a partir do interior, e nesse caso vejo todos os meus diferentes sentimentos, esperanças, medos, sensações, e percepções, que posso ter em qualquer dado momento. Esta é vista-da-primeira-pessoa ou vista da fenomenologia, descrita na linguagem do "eu". Mas a consciência também pode ser olhada de um modo objectivo, "científico", e nesse caso posso afirmar que a minha consciência é o produto de mecanismos cerebrais objectivos e sistemas neuro-fisiológicos. Esta é vista-da-terceira-pessoa ou perspectiva objectiva, descrita na linguagem do "isto". Estas são as vistas a partir do interior e do exterior da minha própria consciência.
Mas a
minha consciência ou existência não existe no vazio, ela existe numa
comunidade de seres. Assim, além de uma vista singular da consciência,
podemos ver como a consciência existe no plural (como parte de um grupo,
comunidade, um colectivo). E da mesma forma que podemos olhar o interior e
o exterior de um indivíduo, também podemos olhar o interior e o exterior
do colectivo. Podemos tentar entender qualquer grupo de pessoas a partir
do interior, em ressonância de empatia pelo entendimento recíproco; ou
então podemos tentar olhá-las a partir do exterior, de um modo desligado e
objectivo (ambas as perspectivas podem ser úteis, se respeitarmos cada uma
delas).
excerto de "Waves,
Streams, States and Self" o que é uma 'filosofia integral'? "Uma abordagem integral consagra-se a um programa todos-os-níveis, todos-os-quadrantes respeitando o espectro da consciência na sua plenitude, não só o domínio do “eu”, mas também o do nós e o do isto, desta forma integrando a arte, a moral e a ciência, identidade, ética e ambiente, consciência, cultura e natureza, Buddha, Sangha e Dharma, o Belo, o Bom e o Verdadeiro. Nos capítulos seguintes, veremos exemplos muito concretos de cada uma destas facetas do Kosmos à medida que as tentaremos tecer num cobertor colorido. E quem sabe, nós poderemos, vocês e eu poderemos talvez, no alcance mais elevado do próprio espectro da consciência, directamente intuir a mente de um Espírito Eterno - um Espírito que resplandece em cada “eu”, cada “nós” e cada “isto”, um Espírito que canta na chuva e dança no vento, um Espírito do qual cada conversa é a mais sincera adoração, um Espírito que fala com a tua língua e olha a partir dos teus olhos, que toca com estas mãos e clama com esta voz – e um Espírito que tem sempre amorosamente sussurrado aos nossos ouvidos: Nunca esquecer o Bom, e nunca esquecer o Verdadeiro, e nunca esquecer o Belo. A visão integral é somente a tentativa moderna e pós-moderna de honrar este compromisso."
excerto da
introdução -
"The Eye of Spirit"
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