O
ZABUMBA
1885 -
1895
Memórias do Meu Avô André
O meu
avô da Tapada,
Que
foi pastor no meu Chão,
Lembrava-se do Zabumba
E da
sua animação.
O dos
homens do Chão Sobral
Era
pífaro, bombo e caixa;
Com o
mesmo ritmo e música
Como
há na Beira Baixa.
Às
vezes iam à frente,
Quando
chegava a animar,
Os
homens dançaricando,
Deitando o chapéu ao ar!
Faziam
muitas arruadas, (1)
Mas na
Páscoa e S. Martinho,
Ia o
Ti‘ Manel Silva atrás,
Com
uma cântara de vinho!
E a
quem vinha à porta,
Fosse
Manel ou Maria,
Ele
oferecia a pinga,
Com
palavras de alegria!
Uma
vez iam à Carreira,
Parou
o forrobodó
Porque
acabava de morrer,
Um
menino à minha avó.
Iam
sempre ao Cabeço (2)
Em dia
de São João,
E
levavam o Zabumba,
Para
fazer a animação.
Até
vinha de Alvôco
O sr.
professor Marçal,
Que
tinha todo o gosto
Ir com
os do Chão Sobral!
Iam
ver nascer o sol.
Diziam, vinha a bailar.
Vinham
pelo Vale da Maceira,
Pela
festa popular.
Nessa
terra uma vez,
Ia a
festa sendo feia:
A
música do Zabumba,
Desafinava os de Aldeia. (3)
Que
lho queriam rebentar!
Um
nosso os desafiou.
Pôs-lhes o bombo à frente,
Mas
nenhum lhe lá tocou!
E para
fazer um zabumba,
No
Parente, certo vadio, (4)
Roubou
uma ovelha à avó,
Deitou
a carne p’ró rio!
Na
Senhora dos Remédios, (5)
Depois
na boa‑vai‑ela,
Até
uma moça o tocou,
Dando
a volta à capela!
O que
ela disse ficou.
O que
disseram não sei!
Se eu
Emília era,
Eu
Emília fiquei!
Há
anos no Chão Sobral,
Eu
tive a felicidade,
De ver
Os Netos do Zabumba, (6)
Inaugurar a electricidade!
(1)
Voltas à rua.
(2)
Monte do Colcurinho.
(3)
Aldeia das Dez.
(4)
Casal vizinho.
(5) No
Rio de Mel.
(6)
Grupo infantil.
|