Fonte: Democracy Now de 14 de setembro de 2007

Tradução: Agência Imediata - http://imediata.org/index.php?p=140
 

Vandana Shiva, líder ambientalista e intelectual reconhecida internacionalmente. Ela é também doutora em física e ecologista, diretora do Research Foundation on Science, Technology, and Ecology. Ela é a fundadora do Navdanya –“nove sementes”, movimento que promove a diversidade e o uso das sementes nativas. A Dra. Shiva ganhou o Right Livelihood Award (Prêmio da Paz Alternativo ao Nobel) em 1993. Autora de muitos livros, sendo que o mais recente é o “Earth Democracy: Justice, Sustainability, and Peace” (Democracia da Terra: Justiça, Sustentabilidade e Paz”).

David Korten é o autor de “When Corporations Rule the World” (Quando as Corporações Comandam o Mundo), co-fundador do Positive Futures Network (Rede de Futuros Positivos) e editor da revista “YES! A Journal of Positive Futures”. Seu livro mais recente é chamado “The Great Turning: From Empire to Earth Community” (A Grande Virada: do Império à Comunidade Terrestre).

JUAN GONZALEZ: Um novo estudo do grupo de assessoria científica mais preeminente dos EUA revelou que menos de 2% do dinheiro gasto pelo governo federal com pesquisa sobre mudança climática é usado para estudar como a mudança climática vai afetar os seres humanos.

Segundo o relatório emitido pela National Academies, o U.S. Climate Change Research Program (Programa de Pequisa sobre Mudança Climática dos EUA) gasta somente US$ 30 milhões por ano para examinar o impacto do aquecimento global sobre os seres humanos. Para colocar essa cifra em perspectiva, os EUA estão gastando cerca de US$ 275 milhões por dia com a guerra e a ocupação do Iraque.

Os cortes nas despesas resultaram, também, na parada dos satélites que observam a terra. Os autores do relatório afirmam:
“ A perda dos sensores satelitares existentes e planejados é, talvez, a maior ameaça ao sucesso futuro” da pesquisa climática.

AMY GOODMAN: Neste fim de semana, o International Forum on Globalization and Institute for Policy Studies (Fórum Internacional sobre a Globalização e o Instituto para Estudos Políticos) está hospedando um seminário de três dias titulado “Confronting the Global Triple Crisis: Climate Change, Peak Oil (The End of Cheap Energy) and Global Resource Depletion & Extinction” (Enfrentando a Tripla Crise Global: Mudança Climática, Alto Preço do Petróleo (O Fim da Energia Barata) e Exaustão e Extinção dos Recursos Globais).

Bem-vindos a Democracy Now! David Korten, vamos começar com você. “A Grande Virada”, por favor, explique.

DAVID KORTEN: Bem, essencialmente isso leva ao tema básico da conferência, de que nós, seres humanos, chegamos a um momento de definição de nossa experiência, no qual nos deparamos com os limites do ecossistema, numa época em que nos encontramos numa condição de extrema desigualdade entre os ricos e os pobres e estamos dependentes de uma infra-estrutura econômica que, por sua vez, depende da premissa de um petróleo eternamente barato. Agora, essencialmente, chegamos aos limites.

O que o meu livro The Great Turning (A Grande Virada) faz é colocar nossa situação corrente num contexto mais amplo de 5.000 anos de experiência humana, como nos organizamos, tanto em nossas relações entre nações como até entre a mais básica das relações entre membros de uma família, com base na hierarquia dominadora. E o que esse padrão subjacente das sociedades, com poucas pessoas no topo, muitas pessoas na base e a maioria dos recursos da sociedade sendo expropriados pelas elites no comando de modo a manter um sistema de dominação. E temos agido assim por 5.000 anos, de um império a outro, cada um caindo por sua vez, ou seja, através da corrupção interna e a devastação de sua base de recursos. E agora enfrentamos isso em escala global.

O ponto chave desta conferência é que estamos frente a um momento de decisão monumental na experiência humana, no qual precisamos escolher ativamente o nosso futuro. E
virtualmente nenhuma das opções sendo discutida trata, de uma maneira adequada, da profundidade do problema, e muitas delas são, na realidade, contraproducentes. O que o establishment está fazendo é procurar soluções que mantenham o sistema de poder, mas não necessariamente tratando do fato de que temos que lidar de um modos fundamental com nosso relacionamento humano com a terra e com os sistemas de suporte à vida da terra.

E num mundo já superpovoado, temos que tratar de todo jeito com as questões da justiça e da redistribuição, não só da renda, mas da propriedade, controle e acesso aos recursos, de modo que todos tenham um modo seguro de vida. Também temos, naturalmente, que reconstruir nossa infra-estrutura para criar uma infra-estrutura que seja consistente com a vida e equilibrá-la com a terra, localizando nossas economias, colocando um fim à Guerra e à violência e aos maus usos maciços dos recursos para dar suporte ao sistema militar.

Assim, o que esta conferência está fazendo, e esse é também o tema do meu livro “The Great Turning” é trazer todas essas crises que estamos enfrentando como um espécime dentro de um contexto comum que nos ajude a ver a profundidade das soluções e a natureza verdadeiramente dramática das soluções que transformem os sistemas de dominação em sistemas de parceria e reestabelecer um senso de comunidade humana e de comunidades vivas que nos levem a nós, humanos, a um equilíbrio com a terra.

JUAN GONZALEZ: David Korten, nos EUA nos deparamos com um sistema de comunicações de massa no qual as companhias de petróleo e as indústrias químicas são, na verdade, aquelas que propagandeiam suas mudanças, agora, em termos de como lidam com o aquecimento global. É uma imensa hipocrisia o fato de que justamente as companhias que estão envolvidas com os piores aspectos do que está acontecendo ao mundo, são aquelas que estão promovendo em suas publicidades uma consciência quanto a isso.

Você fala da narrativa da prosperidade e de como a narrativa da prosperidade distorce a realidade do que está acontecendo com o aquecimento global. Pode falar sobre isso?

DAVID KORTEN: Sim, parte dessa fratura, fratura daquilo que eu chamo de o transe cultural do império, é reconhecer as estórias, essencialmente as mentiras com que o sistema nos alimenta para nos manter travados nesse transe. E o fundamental na estória da prosperidade do império é a idéia de que o dinheiro é riqueza, de que o crescimento econômico é a chave para a prosperidade, de que quando as pessoas estão fazendo dinheiro, elas estão criando riqueza, e a idéia de que a desigualdade é essencial ao crescimento porque os ricos têm dinheiro para investir, e portanto deveríamos honrá-los, deveríamos dar as boas-vindas à desigualdade, porque no fim das contas ganharemos todos com isso. Agora, vemos isso com as corporações, a conversa do tipo: “somos benevolentes”, e assim por diante.

Mas passei trinta anos de minha vida trabalhando para o desenvolvimento do terceiro mundo, no esforço de acabar com a pobreza em países com baixa renda. E levou muito tempo, mas finalmente concluí que, principalmente, crescimento diz respeito aos ricos expropriarem os recursos dos pobres, para torná-los no lixo do sistema de consumo, numa taxa acelerada, de modo a fazer dinheiro, o que aumenta o poder das pessoas que já têm muito mais do que precisam.

O que precisamos reconhecer é que a prosperidade real está baseada na saúde de nossas crianças, nossas famílias, nossas comunidades e natureza, e que um sistema econômico real promovendo a prosperidade real é aquele que serve a saúde das crianças, das famílias, da comunidade e do meio-ambiente. E requer, absolutamente, um nível substancial de igualdade e partilha de recursos para garantir que as necessidades de todos sejam satisfeitas. E começamos a ver que os pontos de vista contrastam fundamentalmente, e levam a tipos totalmente diferentes de resultados, em termos de como alocamos os recursos e mesmo de como pensamos o que significa ser humano, em nossos valores mais básicos.

AMY GOODMAN: Vandana Shiva, fale de como isso acontece na base, em lugares como o seu país, a Índia.

VANDANA SHIVA: Bem, a tripla crise está em séria convergência na Índia, já que a Índia é um dos lugares preferidos para a tercerização de toda a poluição e produção intensiva em termos de energia do mundo. Ouvimos falar da terceirização de trabalhos no setor da tecnologia da informação. Não ouvimos falar com muita freqüência da terceirização da poluição para o terceiro mundo, dos setores que usam recursos de modo intensivo e dos setores famintos de recursos como o aço e o ferro e o alumínio e a indústria automobilística. A Índia, agora, será o domicílio para a produção de carros baratos para o resto do mundo. Mas cada carro precisa de terra, que é tomada dos tribais, dos camponeses. Isso requer alumínio e aço, os quais precisam ser obtidos pela mineração. Isso requer carvão, que também precisa de mineração.

Assim como ocorreu durante a primeira colonização, presumia-se que a terra era vazia, terra nullis, independentemente de quantos povos indígenas existissem. A Índia, uma terra com 1,2 bilhões de pessoas, está sendo tratada como terra vazia para o capital global, tornando 80% do país redundante.

Mas as pessoas estão reagindo. E em um lugar depois do outro, em Dadri, em Nandigram, em Singur, o povo está se unindo num novo tipo de democracia da terra e está dizendo: “Essa terra é a nossa terra. Nós vamos decidir o que fazer com ela. Vocês não podem nos impor um setor industrial poluidor. A globalização não pode nos impor isso.” E estamos vendo realmente a emergência de uma prática política inteiramente nova.

A Índia está empenhada nesse debate também de forma central, de um modo que coloca a questão dos recursos: a alternativa – combustíveis alternativos ao aquecimento global, assim como a nova militarização, conjuntamente a uma escala global. As três, quatro opções oferecidas para conter as emissões são os biocombustíveis que, na realidade, vão aumentar as emissões, o comércio de carbono e as emissões, que está revertendo o princípio do “é o poluidor que paga” e está fazendo a sociedade pagar o poluidor, recompensando-o com créditos. A maioria desses créditos estão sendo dados para as indústrias poluidoras: as companhias HFC, fábricas-esponjas de ferro, cortando as florestas e depois plantando palmeiras para o seu óleo. Esses estão se tornando os mecanismos de desenvolvimento, que são realmente sujos.

Mas o mais sujo de todos, a mais suja de todas as novas opções limpas é a nuclear. O acordo nuclear USA-Índia está sendo oferecido como uma opção de energia limpa, uma solução para a mudança climática. Mas é, na verdade, um instrumento de guerra permanente. No Hyde Act, que passa por cima do acordo USA-Índia, o Irã foi mencionado quinze vezes. Um acordo entre a Índia e os EUA menciona um terceiro país quinze vezes. Isso tudo diz respeito a uma nova política de segurança, uma nova política de segurança na qual um império militarizado busca os derradeiros recursos da mais pobre das pessoas e quer usar a pior forma de violência para se apropriar dos recursos de que as pessoas precisam para poderem viver.

E no mundo todo, os povos estão dizendo: “Não. Queremos paz. Queremos democracia. Queremos sustentabilidade. Vamos viver de um modo diferente.” Em nosso trabalho, na Navdanya, estamos salvando sementes que podem tolerar o sal depois dos ciclones, sementes que podem sobreviver às inundações, nas quais perdemos 2.000 pessoas, na Índia, nesta monção especificamente. E no mundo todo, as pessoas estão criando alternativas, assim que temos essas duas tendências atualmente: uma tendência em declínio, mas muito visível porque é tão violenta, e o violento é sempre visível; e a outra, uma tendência pacífica e de não violência, silenciosa, mas muito mais amplamente difundida.

JUAN GONZALEZ: Vandana Shiva, você tem sido a porta-voz há anos do impacto sobre a agricultura mundial dessa dominação corporativa. Um novo campo de batalha tem se desenvolvido, recentemente, em Burma, com a Bayer e os esforços da Bayer, a gigante alemã, em relação ao arroz. Você poderia falar sobre isso?

VANDANA SHIVA: Sim, mas não é só a gigante alemã em Burma. É a gigante americana Monsanto, literalmente matando os agricultores da Índia. Desde 1997, tenho efetuado estudos em cada área onde os suicídios dos agricultores ocorreram. Trata-se do cinturão do algodão, as áreas de algodão onde a Monsanto, agora, ganhou monopólio total. As sementes de algodão Bt que a Monsanto está vendendo forçaram os agricultores ao limite, devido aos altos preços, devido aos altos índices de fracasso e aos altos requisitos, exatamente como acontecerá com o arroz da Bayer em Burma.

À medida em que as corporações que emergiram da guerra ganharam controle sobre a indústria química para a guerra, elas se tornaram gigantes agroquímicos, porque transferiram as substâncias químicas usadas para a guerra na agricultura. Com o passar do tempo, elas compraram o setor de sementes. Com o passar do tempo, elas compraram o setor da biotecnologia. E, naturalmente, esses caras são as mesmas pessoas que nos vedem os medicamentos das indústrias farmacêuticas. Assim, o que temos é a convergência da morte. Temos a convergência da destruição.

E na Índia, estamos assistindo a essa destruição da extremidade das sementes e através dos monopólios da Monsanto sobre as sementes, e é por isso que tenho trabalhado com agricultores da Índia, seja para salvar nossas sementes nativas seja para salvar nossa liberdade, e fazer a Satyagraha (N. do T.: um dos principais ensinamentos de Mahatma Gandhi, que consiste na resistência através da não violência) das sementes, como Gandhi fez há cem anos na África do Sul – e estamos lembrando hoje de Steve Biko – quando Gandhi começou a Satyagraha, a não-cooperacão com um regime brutal e injusto. E em todos os lugares – estamos defendendo o (rio) Yamuna, porque eles querem até mesmo usar a terra onde os rios fluem para criar empreendimentos imobiliários. Não sei porque a terra se torna um empreendimento imobiliário quando passa para as mãos dos ricos, e é tratada como terra de ninguém, quando está gerando a sobrevivência dos pobres. Assim, a Índia está, definitivamente, no centro do novo debate sobre a democracia real.

AMY GOODMAN: Vandana Shiva e David Korten, obrigado por estarem conosco. O livro mais recente de Vandana Shiva: Earth Democracy: Justice, Sustainability, and Peace (Democracia da Terra: Justiça, Sustentabilidade e Paz”). O livro mais recente de David Korten: “The Great Turning: From Empire to Earth Community” (A Grande Virada: do Império à Comunidade Terrestre). Os dois autores participam do International Forum on Globalization cuja conferência está ocorrendo neste fim de semana em Washington, D.C. na George Washington University, no Lisner Auditorium.

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In English:

Vandana Shiva Decries the “Outsourcing of Pollution to the Third World”

Democracy Now, Friday, September 14th, 2007

Vandana Shiva, world-renowned environmental leader and thinker. She is also a physicist and ecologist and the Director of the Research Foundation on Science, Technology, and Ecology. She is the founder of Navdanya -”nine seeds”, a movement promoting diversity and use of native seeds. Dr. Shiva was the 1993 recipient of the Alternative Nobel Peace Prize -the Right Livelihood Award. And she is the author of many books, her latest is “Earth Democracy: Justice, Sustainability, and Peace.”
RUSH TRANSCRIPT

David Korten, also with us, author of When Corporations Rule the World , cofounder of Positive Futures Network and publisher of the magazine YES! A Journal of Positive Futures . His most recent book is called The Great Turning: From Empire to Earth Community .

JUAN GONZALEZ: A new study from the nation’s preeminent scientific advisory group has revealed that less than 2% of the money spent by the federal government on climate change research is used to study how climate change will affect humans.

According to the report issued by the National Academies, the U.S. Climate Change Research Program spends just $30 million a year on examining the impact of global warming on humans. To put that figure in perspective, the United States is spending an estimated $275 million per day on the Iraq war and occupation.

Spending cuts have also resulted in the grounding of earth-observing satellites. The authors of the report state, “The loss of existing and planned satellite sensors is perhaps the single greatest threat to the future success” of climate research.

AMY GOODMAN: This weekend, the International Forum on Globalization and Institute for Policy Studies is hosting a three day teach-in titled “Confronting the Global Triple Crisis: Climate Change, Peak Oil (The End of Cheap Energy) and Global Resource Depletion & Extinction.”

Today, we’re joined by four of the guests in that forum. We begin with Vandana Shiva and David Korten.

We welcome you both to Democracy Now! David Korten, let’s begin with you. The Great Turning , explain.

DAVID KORTEN: Well, essentially, this gets to the basic theme of the conference, that we humans have come up at a defining moment in our experience, in which we’re confronting the limits of the ecosystem at a time when we are in a condition of extreme inequality between the rich and the poor, and we’re dependent on an economic infrastructure that, in turn, depends on the assumption of everlasting cheap oil. Now, we’ve essentially come up to the limits.

What my book, The Great Turning , does is puts it into our current situation to the deeper context of 5,000 years of human experience, organizing ourselves, both our relations among nations and among — all the way down to among family members, based on dominator hierarchy. And what this — the underlying pattern of societies, with a few people on the top, many people on the bottom, and the majority of the society’s resources being expropriated by the ruling elites in order to maintain a system of domination. And we have played that out for 5,000 years, empire through empire, each one falling in turn, is it, through internal corruption and the devastation of its resource base. And now we’re encountering that on a global scale.

And what — the key point of this conference is that we are facing a monumental decision point in human experience in which we have to actively choose our future. And virtually none of the options on the table being discussed deal, in any adequate way, with the depth of the problem, and many of them are actually ultimately counterproductive. What the establishment is doing is looking for solutions that will maintain the system of power, but not necessarily deal with the fact that we have to address in fundamental ways our human relationship to earth and to the life support system of earth.

And in an already overpopulated world, we absolutely have to deal with the issues of equity and redistribution of not only income, but ownership, control and access to resources, so that everyone has a secure means of living. We also, of course, have to be fundamentally reconstructing our infrastructure to create an infrastructure that is consistent with living and balance with the earth, localizing our economies, bringing an end to war and violence and the massive misuse of resources to support military establishment.

So what this conference is doing, which is also what my book The Great Turning does, is bring all of these various crises that we’re facing as a species into a common framework that helps us see the depth of the solutions and the very dramatic nature of the solutions turning from systems of domination to systems of partnership and reestablishing a sense of human community and of living communities that bring us humans into balance with earth.

JUAN GONZALEZ: David Korten, in the United States we’re confronted here with a mass media system now where the oil companies and the chemical companies are actually the ones advertising their changes now, in terms of dealing with global warming. It’s an enormous hypocrisy that the very companies that are involved in the worst aspects of what is happening to the world are now the ones that are promoting in their advertisements a consciousness about it.

You talk about the prosperity narrative and how the prosperity narrative distorts the reality of what’s happening with global warming. Could you talk about that?

DAVID KORTEN: Yes. Part of breaking out of this, breaking out of what I call the cultural trance of empire, is to recognize the stories, essentially the lies, that the system feeds us to keep us locked into this trance. And the key in the empire prosperity story is the idea that money is wealth, that economic growth is the key to prosperity, that when people are making money, they are creating wealth, and the idea that inequality is essential to growth because the rich people have the money to invest, and so we should honor rich people, we should welcome inequality, because in the end it makes us all better off. Now, we’re seeing that play out, of course, in the corporations now, you know: we’re benevolent, and so forth.

But the thing that — you know, I spent thirty years of my life working on third world development, on the effort to end poverty in low-income countries. And it took me a long time, but I finally came to realize that mostly what economic growth is about is rich people expropriating the resources of poor people to turn them into the garbage of the consumer system in an accelerating rate in order to make money, which increases the power of people who — for people who already have more than they need.

Now, what we need to come to recognize is that real prosperity is grounded in the health of our children, our families, our communities and nature, and that a real economic system promoting real prosperity is one that is serving the health of children, families, community and the environment. And it absolutely requires a substantial degree of equity and sharing of resources to assure that everyone’s needs are met. And you begin to see the — you know, the stories fundamentally contrast, and they lead to totally different kinds of outcomes, in terms of how we allocate resources and even how we think about what it means to be human at our most foundational values.

AMY GOODMAN: Vandana Shiva, talk about how this plays out on the ground in places like, well, your home country, India.

VANDANA SHIVA: Well, the triple crisis is really seriously converging on India, India being one of the preferred spots for outsourcing of all the pollution and energy-intensive production of the world. We hear of outsourcing of jobs in the information technology sector. We don’t often enough hear about the outsourcing of pollution to the third world, the resource-intensive, resource-hungry industry like steel and iron and aluminum and automobile manufacture. India now is going to be the home of making cheap cars for the rest of the world. But every car then requires land, which is grabbed from tribals, peasants. It requires aluminum and steel, which needs to be mined. It requires coal, which needs to be mined.

And just as when the first colonization took place, it was assumed that the earth was empty, terra nullius , no matter how many indigenous people existed. India, a land of 1.2 billion people, is being treated as an empty land for global capital, making 80% of India redundant.

But people are fighting back. And place after place, in Dadri, in Nandigram, in Singur, people are just getting together in a new earth democracy and saying, “This land is our land. We will decide what we do with it. You cannot force a polluting industry on us. Globalization cannot force it.” And we are really seeing a whole new political practice emerge.

India is engaged in this debate also centrally in another way that brings the resource question: the alternative — fuel alternatives to global warming, as well as the new militarization, on a global scale together. The three, four options being offered to contain emissions are biofuels, which, in fact, will increase emissions; carbon and emissions trading, which is reversing the “polluter pays” principle and is making the society pay the polluter, rewarding them with credits. Most of these credits are then being given to polluting industry: HFC companies, sponge iron plants, cutting down forests and then planting palm oil. These are becoming clean development mechanisms, which are really dirty.

But the dirtiest of all, dirtiest of all the new clean options is nuclear. The US-India nuclear agreement is being offered as a clean energy option, as a solution to climate change. But it is, in effect, an instrument of permanent war. In the Hyde Act, which overrides the India-US agreement, Iran has been mentioned fifteen times. An agreement between India and the US mentions a third country fifteen times. This is about a new security policy, a new security policy in which a militarized empire seeks the last resources of the poorest person and wants to use the worst form of violence to appropriate the resources that people need for living.

And across the world, people are saying, “No. We want peace. We want democracy. We want sustainability. We will live in a different way.” And those alternatives are growing. Our work, in Navdanya, we are saving seeds that can tolerate the salt after cyclones, seeds that can survive the floods, in which we have lost 2,000 people in India this particular extreme monsoon. And around the world people are creating alternatives, so we really have these two trends right now: one, a declining trend, but very visible trend because it’s so violent, and violent is always visible; and the other, a peaceful trend and nonviolent trend, quiet, but much more pervasive.

JUAN GONZALEZ: Vandana Shiva, you’ve been a spokesperson for years over the impact on the world’s agriculture, of this corporate dominance. A new battleground has developed recently in Burma with Bayer and Bayer’s efforts, the German giant, in terms of rice. Could you talk about that?

VANDANA SHIVA: Yeah, but it’s not just the German giant in Burma. It’s the American giant, Monsanto, literally killing Indian farmers. Since 1997, I’ve been doing studies in every area where farmer suicides have happened. These happen to be the cotton belt, the cotton areas where Monsanto has now gained total monopoly. The Bt cotton seeds that Monsanto is selling have pushed farmers to the edge, because of the high prices, because of the high levels of failure and the high requirements, exactly like the rice of Bayer for Burma will be.

As the corporations that came out of warfare gained control over the chemical industry for warfare, they became agrichemical giants, because they deployed chemicals used for war into agriculture. Over time, they bought up the seed industry. Over time, they bought up the biotech industry. And, of course, these guys are the same people who sell us the medicine in pharmaceuticals. So what we’ve got, a convergence of death. We’ve got a convergence of destruction.

And in India, we are witnessing this destruction from the seed end through Monsanto’s monopolies on seed, and that is why I have been working with Indian farmers, both to save our native seeds and save our freedom, and do the seed Satyagraha, like Gandhi a hundred years ago in South Africa — and we’re remembering Steve Biko today — when Gandhi started the Satyagraha, the non-cooperation with an unjust brutal regime. But the global economy has become an unjust brutal regime. And everywhere — we are defending the Yamana, because they want to even use the land where the rivers flow for real estate. I don’t know why land becomes real estate when it moves into the hands of the rich, and it’s treated as nobody’s land, no man’s land, when it’s generating survival for the poor. So India is definitely at the heart of the new debate about the real democracy.

AMY GOODMAN: Vandana Shiva and David Korten, I want to thank you for being with us. Vandana Shiva’s latest book is Earth Democracy: Justice, Sustainability, and Peace . David Korten’s latest book is called The Great Turning: From Empire to Earth Community . They’re both part of the International Forum on Globalization that is holding a conference this weekend in Washington, D.C. at George Washington University at the Lisner Auditorium.