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As Fontes
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1918 - 1966 The Mountain Springs - Water Supply to the Village Les Fontaines |
A Estrada
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1951/1952 The Road - La Route |
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A Escola -
1953 |
Os Baldios -
1975/1976 |
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A
Electricidade -
1979 |
Pavimentação da
Estrada |
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OS BALDIOS Zé Manel e Isilda São vozes do tempo novo 1974-1975
"Os baldios para o Povo!" O Zé Manel e Isilda, São vozes do tempo novo! Convocam, há assembleia; Compartes, eleições já! (1) Outros querem o nosso baldio, A situação está má! Também isso descobri. Foi quando me veio à ideia, Que meu pai pegou num sacho, Meu avô foi p’rá cadeia... É urgente os documentos. Tu não sabes, eu não sei; Fui eu a Arganil, Pôr tudo como manda a lei. |
Vem-me o António Pinheiro: "Falta só um assinar!" Fui com ele a Baloquinhas, Onde esse andava a lavrar. (2) No Correio em Oliveira, Dissemos: “Isto não irá mal!Viva o Conselho Directivo! Viva o povo do Chão Sobral!” Na verdade outros saíram. Voltava-mos os dois esse dia. Ficou Baldio por lugar, Não a nível de freguesia! E veio muito dinheiro! Deu para alargar a estrada. (Só não deu p'rá nossa rua!) Deu para todas as calçadas! E aos que queriam quinhão, Na Assembleia de Freguesia, Em acesa discussão, O Ti’ Graciano dizia: |
"O baldio está independente! É amanhã a alvorada; Com cem tiros de pedreira, No alargamento da estrada!" Longe as pedras caíram! O diabo apedrejaram... Foram vivas ao baldio, Direcções que renovaram; Foram vivas ao Chão Sobral, As obras dentro do povo! São vivas estes meus versos, Às Vozes do Tempo Novo! (1) Comparte, cidadão residente que
usufrui do baldio. O estado entregava o baldio a quem primeiro elegesse
dirigentes Conselho Directivo eleito. |
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A ELECTRICIDADE Já nem merecia foguetes! 1979 Da parte que me tocou, Em anos de ansiedade, Nem merecia foguetes, O vir a electricidade! Vizinhos há anos a têm. Faltamos nós e Avelar. Fazem projecto comum, Dois povos a esperar. Até oficinas a motor, Esperavam no meu Chão. Até já havia comprados, Moinhos de moer grão! Finalmente, começaram! E também no Avelar. Põem lâmpadas nas ruas, Começam logo a alumiar! |
Foi o Ti' Manel Mendes, Com gerador e ideias, Que deu durante dias, A luz às duas aldeias. Avelar teve primeiro, Pronta a instalação. Correu logo à Câmara, Pedir a inauguração. O Presidente Saraiva, Aceitou vir dividir, O que a electricidade, Fez projecto de unir. Vindo ele dessa festa, Fica então admirado, Porque no Chão Sobral, Encontra tudo fechado! Mas bateu a uma porta, Que não se lhe negou. Mais tarde, festa a comer, Já pouco nos agradou. |
Agradou-me e a valer, Os miúdos do meu Chão, Por volta do meio-dia, Com a candeia na mão! Com pifaritos e bombo, Zumba zumba zumba, pumba, Chiri-bi bi bi tri ti! Eram netos do Zabumba! A luz foi dom de Deus! Da Câmara foi a acção. Fomos últimos e tarde, Tardou esta gratidão! |
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A ESCOLA Nunca Vi Tanta Alegria 1953 A três ricos do meu Chão De Aldeia mandam dizer: Foi vos criada uma escola! E saiu verba, para a fazer! Foi no tempo do Estado Novo. Pois nem resposta, nem passada! Aldeia salvou o dinheiro, Fez a escola à Estrecada. (1) Paga a minha geração Este erro do Chão Sobral. Fora da terra e a favor, Aprendemos poucos e mal. Vinte anos quase passados. A Câmara manda avisar: Arranjem aí uma sala, Vão ter um Posto Escolar! Desta vez há interesse. Até nos olhos há brilho! Já iam longe os valores, Chamados cabras e milho.
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Este Posto também vinha Para alunos do Avelar; Mas os de lá não aceitavam, Vir os seus, para Chão Sobral. Os lobos podiam comer, Os alunos Safra acima! A queixa dava um verso! Era ao Ministro, não rima. Vieram medir o caminho, Ver quem estava mais perto... A troça, amiga mútua, Tem graça é no lugar certo! Confiantes no poder, Gabaram-se deste perigo: O posto ia para eles, Com a força de um amigo! Que aflição a de meu pai, E outros homens da terra! Foi o Sr. Gomes, de Oliveira, Que nos valeu nesta guerra. Meteu espiões e tudo! Este Homem conseguiu isto: Que uma amiga lhe lesse Uma carta deles ao ministro!
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Boca calada e pé ligeiro! Recomendava este Amigo Nisto até Vale de Maceira, Se tornou outro perigo.
Queriam manter a sua escola, Com os alunos do meu Chão. Acreditou-se que o Sr. Prior, Queria essa solução. Da Reunião Municipal, Meu pai vinha satisfeito! O Presidente O Barbas, (2) Tinha cortado a direito. Quando vieram as carteiras, Eu nunca vi tanta alegria! Oh! Os vivas da Carolina! Meu Povo chorava e ria! ... Ti' Zé Moreira deu a sala. Houve foguetes no ar! E deitaram um no Avelar, (3) Só para os arreliar. (1) Em Aldeia das Dez, actualmente o Posto de Saúde.
(2) Dr. António Antunes.
(3) Por
lá passaram com eles a pé. |
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A ESTRADA
I - Os Velhos Caminhos
1951‑53
Do Chão Sobral para Aldeia Ia‑se a pé pelos Portos. (1) Por lá se ia a baptizar, Por lá levavam os mortos!
Nos bois, p’ró Vale de Maceira Era pelo Santo Antão. A pé, era pelo Ribeiro, Por onde está o pontão.
Da Vide, pelo Val d'Água, Vinha a cesta do trigo. Na volta levava os ovos, Imaginem só o perigo!
Ia‑se carregado ao rio, Para trazer a farinha. A areia vinha de lá À cabeça, da Ribeirinha! (2)
Pelo Cimo do Lameiro, Subia‑se p’rá Malhada. Vi transportar um doente, Estendido numa escada! |
A pé, a ponte de Alvôco, Era mais por vida boa! Com a mala dos meus sonhos, Por lá passei p'ra Lisboa.
Imaginem estes caminhos! Não era fácil mudar! A Câmara, é lotaria, Nem a ousavam jogar. Veio sim a Floresta. E foi uma grande mãe! Só a nós não fez estrada, Lá por melindre de alguém...
Por o Sr. Manuel Lourenço, E mais lisboetas sem tacto, Reclamarem em Lisboa Umas serventias do mato. (3)
Mas honra lhe seja feita. E a terra lhe seja leve. Se Chão Sobral teve estrada, Ao seu empenho se deve.
Com seu irmão e o primo, Pedem dinheiro e coragem. Os de cá dão em trabalho, E o terreno da passagem.
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Houve generosidade. E engraçada reacção. Os mais francos no terreno Foi o Ti’ Zé Mendes e o irmão.
O velho Ti’ António Alves, Último no Colcurinho, Ainda estava com dó Do que era do sobrinho!
Lá andam os do Chã’Sobral, Dialhos de malfazejo! A estragar os medronheiros, Ó Zé do Alentejo! (4)
(1) Zona ladeira e funda.
(2) Troço do rio Alvôco.
(3) Subidas nas rampas da estrada florestal.
(4) José Capela, de Elvas. |
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A ESTRADA
II - O meu povo em cordão
Começou ao Cemitério, O meu povo em cordão. A alargar o caminho, À picareta e enxadão!
Aqui desce, além sobe, Faz‑se o muro primeiro. Tem que levar aqueduto… Vai abaixo o castanheiro!
Não quer ir a picareta; Venha pólvora, venha gente! E também o garrafão, Para isto ir para a frente!
Ora larga, ora estreita, É rijo, já passam bem! Cortem nos medronheiros, Que o velhote não vem!
A minha gente em cordão, Já ouve o galo cantar… Aonde a fraga é dura, Faz parede a alargar.
Mais castanheiros ao chão! Vai por fora do caminho! A Câmara faz o pontão, Estamos no Colcurinho!
Aqui cortem que é meu! (1) É melhor passar por cima. Vão buscar trinta foguetes! É ali a Eira de Cima!
(1) José Mendes e irmão António Dias.
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A ESTRADA
III - Os Primeiros Carros
Olhem o primeiro carro!! Oh! Grande satisfação! São os do Vale de Maceira, Puseram paus de pontão!
Lá vem a Tia’ Ana Silva, Que cativante Mulher! Traz lá um ramo de flores, Para oferecer ao chouffer. (1)
Hoje é da Ponte Nova; Uma camioneta de carga. Já vem cá carregar milho, Sem a estrada ser larga!
Venham ver um de Lisboa! Da F. H. d'Oliveira; É o Ti’ Manel Alexandre! Num camião com madeira! (2)
(1) Sr. António João Dias.
(2) A transitar do Norte para Lisboa.
Ana Alves da Silva Manuel Alexandre Silva
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AS FONTES Água do Pinheiro - 1918 Água da Fonte da Panca - 1966 Trazer água para casa, Nossa avó e sua mãe, Só da poça do Pinheiro, E do poço da Ferrém.
Mil novecentos e dezoito, Foi um princípio e o fim. Descobre água no Pinheiro, O velho Ti’ Zé Joaquim.
O Ti’ António Moreira, Encabeça a decisão: O nascente é no baldio, Deve vir para a povoação!
Assim teve a Eira de Cima, Água que se deve aos dois. E foram cinquenta anos, Para o povo, e para os bois.
Tinham ido para a trazer, Que disse um certo pato: Se eles fossem buscar, Antes um molho de mato!
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Lavava-se só no Natal, Quando não havia frio?!... A água também é pouca Quando chega o Estio.
Há anos que seca mesmo. E o povo está a crescer! O tal nascente da Panca, Era tempo de o trazer!
Havia dinheiro junto, (1) Que o povo tinha dado. Era para uma escola, Mas já a fez o Estado.
Dá p’rá canalização! Diz quem sonha fontes novas. Vamos todos abrir a vala? Parte-se a água das sobras!
Um chafariz de granito, E engenheiro a riscar, É quanto a Câmara dá! E que se fartou de dar! (2)
Tudo parecia ser fácil, Quando surgiu um espinho. O sentir direito à água, A herança do Colcurinho.
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Ficaram só seis ou sete, Decididos ir em frente. Faz‑se com gente de fora! Disse meu pai descontente.
Começamos nós a vala. E eu andava lá num sino! Ia a guarda-florestal, O meu sonho de menino!
Mas lá apareceram todos! Mesmo quem dizia não. Belo filme se perdeu, Do meu
povo em cordão!
(1)
Depositado na Câmara.
(2) Disse
o Presidente Figueira |
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