Colcurinho e Viriato

na obra de

José Ramiro Moreira

"Histórias, Lendas e Contos do meu Chão"

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VEM O NOME COLCURINHO

DE GUERREIRO LUSITANO

DOS TEMPOS DE VIRIATO

OU DUM GENERAL ROMANO

 

lusitano A LENDA ou romano

 

O avô de minha mulher

Disse‑me em rapazinho:

Um general que lá morou,

Deu o nome ao Colcurinho! (1)

 

- Já o poeta de Avô, (2)

Que cantou o Viriato,

Diz que foi um lusitano,

E dá‑nos este relato:

 

Mais velho que Viriato,

Mas o seu lugar‑tenente,

Colcurinho ao morrer,

Disse‑lhe, fosse prudente!

 

Pediu‑lhe que o cremasse.

As cinzas fossem ao vento;

Para que dessem, coragem,

A todos em todo o tempo!

 

Em Aldeia contam mais,

- Li de coronel Amaral. (3)

Correm duas tradições:

A de lusitano, a de general.

 

Não referem Santo Antão, (4)

Como local onde morou.

Dizem: A Cerca do Cabeço, (5)

O general a ocupou!

 

(1) Povoação desabitada

onde está Santo Antão.

(2) Braz Garcia de Mascarenhas,

in Viriato Trágico.

(3) No jornal Voz do Santuário.

(4) Na aldeia do Colcurinho.

(5) Há vestígios a 1200 metros de altitude.

COM LUZES NOS CORNOS

SUBIA GRANDE CABRADA

IA À CERCA DO CABEÇO

PELOS MOIROS OCUPADA

 

engraçada A LENDA engenhosa

 

Ouvi a lenda há muito,

Mas tarde lhe dei apreço;

Como correram os moiros

Lá da Cerca do Cabeço. (1)

 

Contra gente tão valente,

A nossa gente tacanha,

Soube usar o que tinha

Com grande dose de manha.

 

Com a cera das abelhas,

Fazem as velas, primeiro.

E com as cabras de noite,

Fingem exército guerreiro.

 

Juntam o gado ao Porto,

Quanto há nas redondezas.

E nos cornos das cabras,

Ataram velas acesas!

 

De noite, Santo acima;

Ui! Que exercito lá vem!

Gritam os moiros que fogem,

E vão Mourízia além. (2)

 

Olhando o Cabeço, disseram:

Fica lá grande valor!

Há lá enterrado em oiro,

O que é dado ó lavrador!

 

(1) Há ruínas da muralha.

(2) Aldeia em frente.

 

     
     

 

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