VEM O NOME COLCURINHO
DE GUERREIRO LUSITANO
DOS TEMPOS DE VIRIATO
OU DUM GENERAL ROMANO
lusitano A LENDA ou romano
O avô de minha mulher
Disse‑me em rapazinho:
Um general que lá morou,
Deu o nome ao
Colcurinho! (1)
- Já o poeta de Avô, (2)
Que cantou o Viriato,
Diz que foi um lusitano,
E dá‑nos este relato:
Mais velho que Viriato,
Mas o seu lugar‑tenente,
Colcurinho ao morrer,
Disse‑lhe, fosse prudente!
Pediu‑lhe que o cremasse.
As cinzas fossem ao vento;
Para que dessem, coragem,
A todos em todo o tempo!
Em Aldeia contam mais,
- Li de coronel Amaral. (3)
Correm duas tradições:
A de lusitano, a de general.
Não referem Santo Antão, (4)
Como local onde morou.
Dizem: A Cerca do Cabeço, (5)
O general a ocupou!
(1) Povoação desabitada
onde está Santo Antão.
(2) Braz Garcia de Mascarenhas,
in
Viriato Trágico.
(3) No jornal Voz do Santuário.
(4) Na aldeia do Colcurinho.
(5) Há vestígios a 1200 metros de
altitude. |
COM LUZES NOS CORNOS
SUBIA GRANDE CABRADA
IA À CERCA DO CABEÇO
PELOS MOIROS OCUPADA
engraçada A LENDA engenhosa
Ouvi a lenda há muito,
Mas tarde lhe dei apreço;
Como correram os moiros
Lá da Cerca do Cabeço. (1)
Contra gente tão valente,
A nossa gente tacanha,
Soube usar o que tinha
Com grande dose de manha.
Com a cera das abelhas,
Fazem as velas, primeiro.
E com as cabras de noite,
Fingem exército guerreiro.
Juntam o gado ao Porto,
Quanto há nas redondezas.
E nos cornos das cabras,
Ataram velas acesas!
De noite, Santo acima;
Ui! Que exercito lá vem!
Gritam os moiros que fogem,
E vão Mourízia além. (2)
Olhando o Cabeço, disseram:
Fica lá grande valor!
Há lá enterrado em oiro,
O que é dado ó lavrador!
(1) Há ruínas da muralha.
(2) Aldeia em frente. |